A bacia do São Francisco dispõe atualmente de uma capacidade de armazenamento útil para regularização de aproximadamente 62 bilhões de metros cúbicos, o que representa 71% do volume médio anual afluente. O cenário atual de oferta hídrica é de 2.210 m³/s sendo 1.845 m³/s ou 83% correspondentes a fontes superficiais, e um montante de 365,58 m³/s proveniente de ofertas hídricas subterrâneas. Com base no balanço hídrico realizado recentemente, considerando as demandas prioritárias, confirma a sabida situação crítica e infraestrutura deficitárias dos seguintes afluentes:
Considerando um cenário otimista de recuperação dos preços internacionais do setor primário como matérias-primas agrícolas e minérios, ocorrendo crescimento das demandas de água para fins agrícolas e industriais e que haja taxas de crescimento acelerado da população e da demanda de água para abastecimento humano urbano e rural em decorrência de migrações internas que priorizam as fronteiras agropecuárias e intensificação do processo de urbanização de pequenas e médias cidades demandando serviços de saneamento mais eficientes e complexos. Considerando vazões de retirada de transposições elevadas e acima dos acordos estabelecidos, redução dos custos operacionais e elevada valorização dos recursos hídricos. A figura abaixo mostra a situação atual da cascata de reservatórios do setor elétrico. (Fonte:ANA)
Observa-se que o alto e o médio São Francisco somados projetam uma demanda futura de água de 726,90 m³/s, caso a demanda futura se confirme, haverá praticamente o consumo total da vazão que chega atualmente no reservatório de Sobradinho (800 m³/s), ou seja, o colapso total na oferta hídrica a jusante de Sobradinho.
A situação atual e a evolução futura dos recursos hídricos na Bacia do Rio São Francisco apontam para o acirramento de conflitos, visto que o crescimento das demandas hídricas apresenta uma dinâmica extremamente acelerada se comparado com o acréscimo da oferta hídrica.
O Plano de Recursos Hídricos do São Francisco é deficiente de ações programadas e articuladas voltadas para intervenções estruturais e não estruturais nas áreas demandantes.
As ausências de obras previstas para o aumento da oferta hídrica sinalizam para a necessidade imperiosa de uma política que pense na expansão e na operação de oferta hídrica na bacia, considerando as diversas alternativas sejam elas por meio de reservatórios de acumulação nos afluentes selecionados, transposições de outras bacias para o São Francisco, o reuso da água e a dessalinização.
Cada solução deve passar por estudos específicos de viabilidade técnica, econômica e ambiental para a comprovação da sustentabilidade hídrica das obras identificadas para a expansão da oferta hídrica na Bacia do Rio São Francisco.